sexta-feira, 5 de abril de 2013

A Gastronomia de São Paulo é um Travesti

Creio que tem mais ou menos uns seis meses que escrevi esse texto para um trabalho sobre a região sudeste.

Como sou de São Paulo e durante toda a minha vida fiz várias declarações de amor a esta cidade, esse trabalho muito me agradou, pois consegui dizer exatamente o que eu queria, e quero.

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A Gastronomia de São Paulo é um Travesti

Se dividirmos a cidade de São Paulo por bairros ou nichos gastronômicos, certamente perceberemos o óbvio: essa cidade é múltipla!
Talvez, em se tratando de gastronomia, São Paulo merece o título de travesti, transformista, Drag Queens e Drag Kings.
Sem sustos e sobressaltos, quero deixar bem claro que o uso ou analogia com as palavras acima citadas, nada tem a ver com sexualidade, fetiches e afins... Apesar de tudo isso também fazer parte da cidade, o que é natural... Eu diria até que é uma alegria, pois não dá para conceber São Paulo como uma cidade monótona com pessoas vestidas de cinza e comendo apenas “Virado à Paulista”. Se for para virar, que seja uma virada que nos dê uma visão caleidoscópica gastronômica a respeito de uma das maiores metrópoles do mundo.
Não é para qualquer cidade ter o título de Capital Mundial da Gastronomia, mas São Paulo, essa grande “travesti” provou que o título é merecido.  Mas nada cai do céu ou é por acaso, e água não se transforma em vinho, o que é lamentável.  Acredito que São Paulo conte hoje com quase 11 milhões de habitantes, ou mais. É a cidade mais multicultural do Brasil e uma das mais diversas do mundo.
Atualmente, é a cidade com as maiores populações de origens étnicas italianaportuguesajaponesaespanhola e libanesaárabe fora de seus países respectivos,  e com o maior contingente de nordestinos fora do Nordeste.
comunidade italiana é uma das mais fortes, marcando presença em toda a cidade. Dos dez milhões de habitantes de São Paulo, 60% (seis milhões de pessoas) possuem alguma ascendência italiana. São Paulo tem mais descendentes de italianos que qualquer outra cidade italiana (a maior cidade da Itália é Roma, com 2,5 milhões de habitantes). Ainda hoje, os italianos agrupam-se em bairros como o BixigaBrás e Mooca para promover comemorações e festas. No início do século XX, o italiano e seusdialetos eram tão falados quanto o português na cidade, o que influenciou na formação do dialeto paulistano da atualidade. São Paulo é a segunda maior cidade consumidora de pizza do mundo. São seis mil pizzarias produzindo cerca de um milhão de pizzas por dia.
comunidade portuguesa também é bastante numerosa, e estima-se que três milhões de paulistanos possuem alguma origem em Portugal. A colônia judaica representa mais de 60 mil pessoas em São Paulo e concentra-se principalmente em Higienópolis (presença maior) e no Bom Retiro (presença menor, atualmente). A partir do século XIX, e especialmente durante a primeira metade do século XX, São Paulo recebeu também imigrantes alemães (no atual bairro de Santo Amaro), espanhóis e lituanos (no bairro Vila Zelina). Podemos destacar também a importante comunidade armênia, com suas diversas instituições instaladas nas proximidades dos bairros Bom Retiro, próximo a Estação Armênia do MetrôImirim e Brás. Os armênios fizeram do comércio e da fabricação de calçados, suas principais atividades.
Bom, daria para escrever páginas e mais páginas sobre a história de São Paulo e como a gastronomia foi se desenvolvendo durante anos após anos. É lógico que com todo esse contingente de imigrantes, sem contar a colonização, seria injusto deixar o título de comida típica ao pouco conhecido “Virado à Paulista”, isso mesmo, pois ninguém viaja a São Paulo desejando comer Virado à Paulista... Os Bandeirantes que me perdoem, mas depois deles muita coisa mudou.
Quando falamos em comida regional ou comida típica de qualquer região do Brasil, sempre penso nos índios, que afinal eram os únicos habitantes deste país pré-colonização, portanto a comida típica de todas as regiões deveria ser apenas a mandioca, o peixe, a farinha de mandioca, frutas e batata.
Voltando a São Paulo e aos travestis, transformistas, Drag Queens e Drag Kings, podemos perceber que se visitarmos vários bairros Paulistanos, em cada um deles teremos certeza de que fizemos uma viagem no tempo e espaço, pelas várias etnias, pelos costumes, pelos sotaques, e claro, pela gastronomia tão explosiva e escandalosamente rica e diversa. É possível sair da Itália e ir para o Japão no mesmo dia, Sair De São Paulo e ir para O nordeste num piscar de olhos. Tudo se traveste em ritmos, odores, olhares, cores e sabores como se realmente fossemos expectadores de um show futurista da globalização gastronômica.